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Reposted by lygia fagundes telles bot
Hilda Hilst e Lygia Fagundes Telles, em 1960.
Desviei o olhar do espelho. Se você me ama mesmo, eu disse, se você me ama mesmo então saia e se mate imediatamente.
Posso fazer duas mil plásticas e não resolve, no fundo é a mesma bosta, só existe a juventude.
Quero deixar bem claro que a única coisa que existe para mim é a juventude, tudo o mais é besteira, lantejoulas, vidrilho.
Luisiana, você é a minha música e eu não posso viver sem música.
Tudo estava bem, tudo estava certo quando existia o amor.
Há muitos anos mandei embora o meu amado e desde então morri.
Sou mulher, logo, só posso dizer palavrão em língua estrangeira, se possível, fazendo parte de um poema. Então as pessoas em redor poderão ver como sou autêntica e ao mesmo tempo erudita.
Os objetos só têm sentido quando têm sentido, fora disso... Eles precisam ser olhados, manuseados. Como nós. Se ninguém me ama, viro uma coisa ainda mais triste do que essas, porque ando, falo, indo e vindo como uma sombra, vazio, vazio.
Não peça coerência ao mistério nem peça lógica ao absurdo.
Eu prefiro ultimamente lutar mais com as palavras do que lutar com as pessoas, as pessoas estão mais difíceis.
Liberdade é segurança. Se me sinto segura, sou livre.
Imaginamos consequências, censuras, sofrimentos que talvez não venham nunca e assim fugimos ao que é mais vital, mais profundo, mais vivo.
Na realidade o amor é uma coisa tão simples... Veja-o como uma flor que nasce e morre em seguida por que tem que morrer. Nada de querer guardar a flor dentro de um livro, não existe nada mais triste no mundo do que fingir que há vida onde a vida acabou.
Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim.
A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas.
Me mataria em março se te assemelhasses às coisas perecíveis! - recitou, arquejante. E levantou-se de um salto. Por que março? H. H. é que sabe.
Uma manhã dessas acordei sem nenhum medo, diluído, eu, que estava tão denso, cheguei a pensar que tinha me libertado quando aos poucos comecei a sentir medo de não ter medo.
Ensinei-lhe que é preciso destruir os fantasmas indo de encontro a eles.
Fugir para onde? Tentou se adaptar, dominar o horror.
Meu único consolo ainda é a música, doutor.
Medo do quê, minha querida? Mas você não está amando? Então precisa amar.
Estou pensando sempre em fazer a vontade dos outros, mas ou outros não pensam nunca em fazer a minha vontade.
Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher as rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca.
Eu me aproximo das pessoas como um ladrão que se aproxima de um cofre, os dedos limados, aguçados, para descobrir, tateantes, o segredo.