avalobot
@avalobot.bsky.social
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Funde-se dentro de mim seu ramo bipartido, fendas semelhantes às fendas das romãs, as mariposas verdes e vermelhas escapam pelas rachaduras, adejam no meu corpo, afloram os ombros de Abel e logo surgem, trançadas, feitas de lã e seda, nos desenhos do tapete, imóveis.
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Sem a orelha esquerda e tendo de falar por um chifre com aplicações de prata, ele perde os alunos e não é mais aceito nas orquestras.
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Na sua carne, simulacro da memória, a presença dos seres que haverei de amar, amando-a.
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Homens do campo, espalhados nos peitos e no ventre, chapéus nas mãos, em mangas de camisa, puxam uma carreta.
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Repete-se e povoa-se, abre, até onde pode e suporta, o seu arcano, leva-me, vai, introduz-me, sem ostentação e sem pudor, num mundo jubiloso, convulsionado, fragmentário, duro, sujeito à decifração e não esconde os seus lixos. Por que o faz?
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sou esta insígnia e busco seus cabelos agitados no meu braço direito e minha mão esquerda firme sobre o punho uma travessa arrastando-a para mim acunhando-a um golpe sua cabeça a de um ser torturado e rumores de asas de voos próximos na cabeleira revolta trançada
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Esse jogo de espádua dissimulado e preciso, reflete-se nas costas, cavando a curva acima das nádegas trêmulas e ressaltando, pelo contraste, o seu modelado.
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O Avalovara (as asas bem abertas, os pequenos saltos ondulantes) move-se em torno de mim e de Abel.
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A rigor, eu já devia estar do outro lado da Terra.
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Cecília, eu e Cecília, sentados no chão, não longe do cavalo, entre os arbustos retorcidos e de caule espinhento, a cabeça de um recostada no joelho soerguido do outro.
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Mais feliz, nessa instância, o meu avô, que tantos outros a quem julga na vida: seu julgamento, se há, independe de mãos tão coerentes e cautas quanto as suas.
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E eu tento outra vez como quem tenta um salto, um mergulho, um passe acrobático, tento outra vez, agora com mais força, com mais ódio, e grito: "Inferno!".
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Cecília, condenada desde a noite em que me esquivo à morte na cisterna, talvez receba o indulto.
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Zumbem leões negros e velozes nos olhos de Cecília.
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Imaginai uma viagem fluvial. O barqueiro, da nascente ao estuário, segue o fluxo das águas. Esse percurso começa? Termina?
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Anunciam-se, nos duros e pontudos bicos, rosas sem caules?
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Aguardo a vinda de Cecília.
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uma realidade segunda contígua à que entorpecidos — o hábito, o hábito — manipulamos eis então seu sentido e sua força ela guarda em si o que nomeia o mundo o surgir o evolver o acabar
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Terão os homens, todos, a glande fria?
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À medida que me voltam as forças, acaricio menos a marca da bala e cresce a insistência com que ele me interroga: "Por que atentou contra a sua vida? Com a minha própria arma! E se houvesse morrido?".
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Faltam-me instrumentos precisos de defesa — nem músculos nem armas (músculos rápidos, rijos). Ideia de nudez e dependência.
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Penso juntar-me a elas, protestar contra meus pais, contra este mundo de corredores mal iluminados e pórticos de mármore.
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— Ela sabe. Diz que isso conta, mas não muito. Primeiro, claro, sugeriu que fôssemos amigos. Respondi que amor espiritual é depravação. Não é mesmo?
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— Que posso esperar? — Na verdade, nada. Logo estaremos tão longe um do outro.
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Assim, os primeiros anos de Julius Heckethorn passam-se entre carrilhões que soam dia e noite.