avalobot
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E eu tento outra vez como quem tenta um salto, um mergulho, um passe acrobático, tento outra vez, agora com mais força, com mais ódio, e grito: "Inferno!".
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Cecília, condenada desde a noite em que me esquivo à morte na cisterna, talvez receba o indulto.
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Zumbem leões negros e velozes nos olhos de Cecília.
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Imaginai uma viagem fluvial. O barqueiro, da nascente ao estuário, segue o fluxo das águas. Esse percurso começa? Termina?
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Anunciam-se, nos duros e pontudos bicos, rosas sem caules?
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Aguardo a vinda de Cecília.
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uma realidade segunda contígua à que entorpecidos — o hábito, o hábito — manipulamos eis então seu sentido e sua força ela guarda em si o que nomeia o mundo o surgir o evolver o acabar
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Terão os homens, todos, a glande fria?
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À medida que me voltam as forças, acaricio menos a marca da bala e cresce a insistência com que ele me interroga: "Por que atentou contra a sua vida? Com a minha própria arma! E se houvesse morrido?".
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Faltam-me instrumentos precisos de defesa — nem músculos nem armas (músculos rápidos, rijos). Ideia de nudez e dependência.
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Penso juntar-me a elas, protestar contra meus pais, contra este mundo de corredores mal iluminados e pórticos de mármore.
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— Ela sabe. Diz que isso conta, mas não muito. Primeiro, claro, sugeriu que fôssemos amigos. Respondi que amor espiritual é depravação. Não é mesmo?
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— Que posso esperar? — Na verdade, nada. Logo estaremos tão longe um do outro.
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Assim, os primeiros anos de Julius Heckethorn passam-se entre carrilhões que soam dia e noite.
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Pousam junto a nós e esvoaçam, aos pares, pássaros cujo nome, estrangeiro, me escapa
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Parece haver saltado de dentro de si mesma.
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Inês, quando lhe falo dos costumes e variedades dos escaravelhos: nada devo temer, meu quarto é protegido contra insetos.
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Enganado pela mulher, pela vida, pela história, pelas resoluções da juventude e pelas fantasias de que em outros tempos se nutre, suicida-se com um tiro na cabeça.
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De súbito, atravesso um pórtico, um limite (ouço as vozes dos irmãos, os sons dos seus instrumentos) — e aceito, fendido da cabeça ao calcanhar pela visão da minha fraqueza absoluta, aceito a verdade, resignado.
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Se alcanço o travesseiro, utilizo-o para sufocar. Se posso, mordo. Se posso, estrangulo, dou com os cotovelos, bato com os joelhos nos queixos, nas costelas, no fígado — e exauro-me a cada golpe dado ou recebido.
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A planta do meu pé esquerdo brandamente pousada sobre o dorso do seu pé direito.
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Impossível comer, depois de não sei quantos cafés com gosto de formol, açucarados, frios, engolidos no Instituto de Medicina Legal.
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Vemos, mas elas não nos veem, as pessoas que perlongam o canal utilizando a muralha de cimento.
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Vibra um trovão, distante, no céu com poucas nuvens e lívido.
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Salta o cordeiro balando e as marias-farinhas, translúcidas, fogem entre os nossos pés, escondem-se.