E eu tento outra vez como quem tenta um salto, um mergulho, um passe acrobático, tento outra vez, agora com mais força, com mais ódio, e grito: "Inferno!".
uma realidade segunda contígua à que entorpecidos — o hábito, o hábito — manipulamos eis então seu sentido e sua força ela guarda em si o que nomeia o mundo o surgir o evolver o acabar
À medida que me voltam as forças, acaricio menos a marca da bala e cresce a insistência com que ele me interroga: "Por que atentou contra a sua vida? Com a minha própria arma! E se houvesse morrido?".
Enganado pela mulher, pela vida, pela história, pelas resoluções da juventude e pelas fantasias de que em outros tempos se nutre, suicida-se com um tiro na cabeça.
De súbito, atravesso um pórtico, um limite (ouço as vozes dos irmãos, os sons dos seus instrumentos) — e aceito, fendido da cabeça ao calcanhar pela visão da minha fraqueza absoluta, aceito a verdade, resignado.
Se alcanço o travesseiro, utilizo-o para sufocar. Se posso, mordo. Se posso, estrangulo, dou com os cotovelos, bato com os joelhos nos queixos, nas costelas, no fígado — e exauro-me a cada golpe dado ou recebido.