hilda hilst bot
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trechos das obras de hilda diariamente @scvrfvvce.bsky.social
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Desamparo, Abandono, desde sempre a alma em vaziez, buscava nomes, tateava cantos, vincos, acariciava dobras, quem sabe se nos frisos (...) nos visíveis cotidianos, no ínfimo absurdo, nos mínimos, um dia a luz, o entender de nós todos o destino, um dia vou compreender (...)
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Ele não era simples não, nada disso, era homem muito complicado, muito torcido como eu mesmo, e quando eu digo que ele se desentranhava quero dizer que ele ficava se descobrindo, que ele punha pra fora os pensamentos de dentro, que ele pensamenteava alto, entendes?
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E há sentires plangentes, agonias, um não dizer inflamado, uma febre marejada de poesia.
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Te amei sonâmbula, esdrúxula, mas te amei inteira.
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(...) adeus Hillé, desconheces quase toda tua totalidade, que contornos havia aos quinze anos aos vinte, lá dentro do ventre, que águas, plasma e sangue, que rio te contornava? (...) e o rosto daquela que te carregava na barriga, como era? como te carregava essa que habitavas?
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Um nítido inesperado foi o que sentiu e compreendeu no topo daquela pequena colina. Mas não viu formas nem linhas, não viu contornos nem luzes, foi invadido de cores, vida, um fulgor sem clarão (...) um sol-origem sem ser fogo. Foi invadido de significado incomensurável.
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A língua é presa num filete rosado de matéria, é áspera, pesa na minha boca, tudo pesa, a maior parte do dia fica à procura de migalhas, depois se distende procurando a palavra (...)
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(...) paixão é isso. é não saber por quê.
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E posso me ferir no gelo das espadas se me quiseres banhada de vermelho.
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Como é que suportam esse buraco vazio? Como é possível ir até o fim da própria vida sem perguntar ao menos: por que é que estou vivo?
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Trabalhas com o ar, é fácil dar assim, se eu me ponho a dar grãos de terra para o outro, quem se importa? Toma dez mil grãos, Koyo, e se eu resolvo dar o mar, toma mil copos, Koyo, leva pra casa esse de sal, e a nuvem se eu resolvo dar, toma (...) fácil dar o que não te pertence.
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Desde sempre caminho entre dois mundos mas a tua face é aquela onde me via (...)
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(...) são raras as mulheres engraçadas, a maior parte das vezes você pega sempre uma Jocasta, umas lamuriosas meio falsas… você acha que Jocasta era falsa? falsa com quem? ela inteira, eu digo, devia saber que aquele filho era dela e gozava muito com isso.
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(...) sessenta anos vulgares e um único aspirar, suspenso, aspirei vilas, cidades, nomes, conheci um rosto sem face (...) um velho que esquadrinhou o mundo mas quando voltou à casa viu que não havia saído do primeiro degrau de sua escada, vi alguém privado de sentimentos (...)
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Compre manteiga. Passe-a nos dedos. (Esqueça-se de Marlon Brando.) Chupe-os. E diga em tom de oração: que vida solitária, meu Deus. (Contenha-se.)
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Se é morte este amor por que se faz sozinho este meu canto? Antes diria sorte poder cantar morrendo a minha morte.
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Constrangido porque os versos pareciam não me pertencer, impotente porque não poderia destruí-los, rasgá-los para quê, se já estavam cravados, fixos, fundamentais até para o meu próprio equilíbrio, há anos que eu construía pequenos nadas, roldanas, atalhos na madeira (...)
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É preciso chegar à mais alta montanha, despojar-se de todas as pequenas inutilidades. Tira tudo do armário (...) É, tira tudo. Agora olha: ser assim, limpo, limpo. Eu sei que é preciso caminhar, sangrar os pés, as mãos, subir.
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Fui pássaro e onça, criança e mulher.
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Como os humanos temem suas trevas! Como temeis em vós a criatura! E mal sabeis que é sempre na clausura que a vida se aproxima e recomeça.
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Manda-me buscar se tens o dia tão longo como a noite.
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Quando menino perguntou à mãe: e o cachorro? A mãe: o cachorro morreu. Então atirou-se à terra coalhada de abóboras, colou-se a uma toda torta, cilindro e cabeça ocre, e esgoelou: como morreu? como morreu? (...) Assim é que soube da morte.
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Falemos do amor que é o que preocupa às gentes. Anseio, perdição, paixão, tormento, tudo isso, meus senhores, vem de dentro. E de dentro vem também a náusea. E o desalento.
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O verdugo deve se sentir muito sozinho, não? As noites devem ser compridas, será que ele não imagina que uma noite dessas vão matá-lo? Como serão os sonhos de um verdugo? Como será um verdugo quando come carne? Agora não existem mais verdugos. Não, agora somos todos verdugos.