uma alma viva e um corpo desconjuntado
Sou insensível ao tempo — porque tu existes
Sou insensível ao tempo — porque tu existes
Eu tenho ciúme daquele que te desvirginou,
Eu tenho ciúme de Deus
Que fundiu o molde da tua alma rebelada
Eu tenho ciúme daquele que te desvirginou,
Eu tenho ciúme de Deus
Que fundiu o molde da tua alma rebelada
São ombros nus é o luar o vidro de veneno
Deve haver um homicídio uma pergunta à esfinge
Um ultimato ao sonho um arroubo do universo
São ombros nus é o luar o vidro de veneno
Deve haver um homicídio uma pergunta à esfinge
Um ultimato ao sonho um arroubo do universo
Minha mão lúcida sacode a floresta do teu maiô.
Ao longe ouço a trompa da caçada às sereias
E um peixe vermelho faz todo o oceano tremer
Minha mão lúcida sacode a floresta do teu maiô.
Ao longe ouço a trompa da caçada às sereias
E um peixe vermelho faz todo o oceano tremer
Nos jardins cobertos de rosas migradoras
E nos berços onde dormem crianças com fuzis
Nos jardins cobertos de rosas migradoras
E nos berços onde dormem crianças com fuzis
Se não está comigo, em mim, é porque não existe.
Ó minha amiga, surge em corpo, senão acreditarei
Que também eu próprio não existo
Se não está comigo, em mim, é porque não existe.
Ó minha amiga, surge em corpo, senão acreditarei
Que também eu próprio não existo
Sentar-se à mesa da terra com o homem divino e o criminoso,
É preciso desdobrar a poesia em planos múltiplos
E casar a branca flauta da ternura aos vermelhos clarins do sangue
Sentar-se à mesa da terra com o homem divino e o criminoso,
É preciso desdobrar a poesia em planos múltiplos
E casar a branca flauta da ternura aos vermelhos clarins do sangue
Não posso consolar
Nem ser consolado;
Não posso soprar em ninguém
O espírito da vida
Nem ordenar o crescimento das crianças
Nem oferecer uma aurora boreal à minha amada
Não posso consolar
Nem ser consolado;
Não posso soprar em ninguém
O espírito da vida
Nem ordenar o crescimento das crianças
Nem oferecer uma aurora boreal à minha amada
Dúcteis afeiçoados ao toque dos duendes
Dúcteis afeiçoados ao toque dos duendes
O limbo o contorno da linguagem
Marca entes e fatos com vermelho.
Marca a sacraltura.
Cria espectros: mais fortes que os viventes
O limbo o contorno da linguagem
Marca entes e fatos com vermelho.
Marca a sacraltura.
Cria espectros: mais fortes que os viventes
Cavaleiros andantes e volantes deste século,
Mulheres sem asilo, corações mutilados, Antígona.
Ó vós todos que temeis a força da matéria,
Comparsas de ópera, musas desprezadas dos poetas,
Nuvens anônimas: procurai minha sede
Cavaleiros andantes e volantes deste século,
Mulheres sem asilo, corações mutilados, Antígona.
Ó vós todos que temeis a força da matéria,
Comparsas de ópera, musas desprezadas dos poetas,
Nuvens anônimas: procurai minha sede
No teu colo, cantam flautas
Atrás de cortinas azuis
No teu colo, cantam flautas
Atrás de cortinas azuis
Não me larga um só instante.
Levai-me o astro da febre:
Eu vos deixo minha sede,
Nada mais tenho de meu
Não me larga um só instante.
Levai-me o astro da febre:
Eu vos deixo minha sede,
Nada mais tenho de meu
Fora da alegria e da tristeza
Fora da alegria e da tristeza
E tu, antiga sinfonia aérea
E tu, antiga sinfonia aérea
Alguém desfolha um ciclone
Os aeromoços corteses
Penteiam a cabeleira das filhas do demônio
Deus com fome
Mata um homem e come
Alguém desfolha um ciclone
Os aeromoços corteses
Penteiam a cabeleira das filhas do demônio
Deus com fome
Mata um homem e come
São ombros nus é o luar o vidro de veneno
Deve haver um homicídio uma pergunta à esfinge
Um ultimato ao sonho um arroubo do universo
São ombros nus é o luar o vidro de veneno
Deve haver um homicídio uma pergunta à esfinge
Um ultimato ao sonho um arroubo do universo
Jogarás o baralho no abismo
Jogarás o baralho no abismo
Que estão mudando Deus de lugar
Que estão mudando Deus de lugar