Murilo Mendes
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Murilo Mendes
@murilommendes.bsky.social
Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado
Caíste em fogo na minha vida de rebelado.
Sou insensível ao tempo — porque tu existes
April 9, 2025 at 11:02 AM
Eu tenho ciúme do teu pai e da tua mãe,
Eu tenho ciúme daquele que te desvirginou,
Eu tenho ciúme de Deus
Que fundiu o molde da tua alma rebelada
April 8, 2025 at 2:28 PM
As magnólias avançam com um ímpeto inesperado
São ombros nus é o luar o vidro de veneno
Deve haver um homicídio uma pergunta à esfinge
Um ultimato ao sonho um arroubo do universo
April 7, 2025 at 11:24 AM
Só teus ouvidos é que não escutaram, ondina.
Minha mão lúcida sacode a floresta do teu maiô.
Ao longe ouço a trompa da caçada às sereias
E um peixe vermelho faz todo o oceano tremer
April 5, 2025 at 10:02 AM
Há uma convergência de presságios
Nos jardins cobertos de rosas migradoras
E nos berços onde dormem crianças com fuzis
April 4, 2025 at 9:22 AM
Procuro a amiga tão bela e necessária.
Se não está comigo, em mim, é porque não existe.
Ó minha amiga, surge em corpo, senão acreditarei
Que também eu próprio não existo
April 3, 2025 at 9:23 AM
Trago sempre comigo uma morte de bolso
April 2, 2025 at 10:56 AM
É preciso reunir o dia e a noite,
Sentar-se à mesa da terra com o homem divino e o criminoso,
É preciso desdobrar a poesia em planos múltiplos
E casar a branca flauta da ternura aos vermelhos clarins do sangue
April 1, 2025 at 10:37 AM
Os elementos não me pertencem,
Não posso consolar
Nem ser consolado;
Não posso soprar em ninguém
O espírito da vida
Nem ordenar o crescimento das crianças
Nem oferecer uma aurora boreal à minha amada
March 31, 2025 at 9:39 AM
A poesia é a teoria dos homens e a prática dos deuses
March 30, 2025 at 10:44 AM
O século é violento demais para teus dedos
Dúcteis afeiçoados ao toque dos duendes
March 25, 2025 at 10:27 AM
Recorda-te: Ele abole o fluido
O limbo o contorno da linguagem

Marca entes e fatos com vermelho.
Marca a sacraltura.
Cria espectros: mais fortes que os viventes
March 16, 2025 at 10:22 AM
A destruição do rito: uma parte do rito
March 15, 2025 at 10:05 AM
Vinde beber no meu peito,
Cavaleiros andantes e volantes deste século,
Mulheres sem asilo, corações mutilados, Antígona.
Ó vós todos que temeis a força da matéria,
Comparsas de ópera, musas desprezadas dos poetas,
Nuvens anônimas: procurai minha sede
March 12, 2025 at 9:52 AM
A manhã suspende flores
No teu colo, cantam flautas
Atrás de cortinas azuis
March 11, 2025 at 10:52 AM
A sombra fértil de Deus
Não me larga um só instante.
Levai-me o astro da febre:
Eu vos deixo minha sede,
Nada mais tenho de meu
March 10, 2025 at 8:49 AM
Quero viver sem cor nem forma, peso ou cheiro,
Fora da alegria e da tristeza
March 9, 2025 at 9:41 AM
E eu te amei ainda mais porque saquearam tua alma
March 8, 2025 at 10:20 AM
Quem sou eu? a sombra ambulante de meus pais até o primeiro homem
March 7, 2025 at 10:17 AM
Nuvem sólida, rosa virginal, água branca
E tu, antiga sinfonia aérea
March 6, 2025 at 11:17 AM
Os peixes sobem dos porões do oceano
March 4, 2025 at 11:39 AM
Brota uma violeta nos anéis de Saturno
Alguém desfolha um ciclone
Os aeromoços corteses
Penteiam a cabeleira das filhas do demônio
Deus com fome
Mata um homem e come
March 3, 2025 at 11:58 AM
As magnólias avançam com um ímpeto inesperado
São ombros nus é o luar o vidro de veneno
Deve haver um homicídio uma pergunta à esfinge
Um ultimato ao sonho um arroubo do universo
March 2, 2025 at 10:49 AM
Uma tarde do fim do mundo
Jogarás o baralho no abismo
March 1, 2025 at 10:17 AM
Os sábios sonham
Que estão mudando Deus de lugar
February 28, 2025 at 11:25 AM