Ana Trincão
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Ana Trincão
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# Canto do Vale – Poemas Vegetais


#fotografia 📷 do meu espaço físico, puro amadorismo a partir de um vulgar telemóvel

#Agriculturaejardinagem, #arteemgeral, #ética, #justiçasocial, #ecossistemas.
#cuidadorainformaldaNatureza.
Canto do Vale - Poemas vegetais
12ª flor
(…)
─ Uma roseira, mesmo
incomparável, cobre tudo com a sua distracção vermelha.
Por detrás da noite de pendidas
rosas, a carne é triste e perfeita
como um livro.

Herberto Helder,
“Poesia Toda”
Assírio & Alvim
1996
May 11, 2025 at 6:40 AM
Canto do Vale - Poemas vegetais
11ª flor

Colhe o dia, e depois guarda-o todo na memória,
porque tão pouco as flores colhidas fenecem no nada.
Espalham-se as pétalas a colorir o chão
ou, leva-as consigo o vento de entre os dedos frouxos.(...)

Fiama Hasse Pais Brandão, Poesia Reunida
March 4, 2025 at 9:39 PM
Canto do Vale - Poemas vegetais
10ª flor

A poesia não é voz — é uma inflexão.
Dizer, diz tudo a prosa. No verso
nada se acrescenta a nada, somente
um jeito impalpável dá figura
ao sonho de cada um (...)

Adolfo Casais Monteiro,
Poesias completas, 1993.
Foto- Líquens na mesa de pedra do jardim
February 28, 2025 at 9:09 AM
Canto do Vale - Poemas vegetais
9ª flor.

Todas em flor
e plantadas há várias gerações
Ah, estas árvores familiares.

Masaoka Shiki, “HAIKUS DE MASAOKA SHIKI “ Do livro Aves dormindo enquanto flutuam (HAIKUS ), Editora Assírio & Alvim.
February 18, 2025 at 6:29 PM
Canto do Vale – Poemas Vegetais
8ª Flor

O Mundo Está Prestes a Rebentar

Não olhes.
O mundo está prestes a despejar a sua luz
E a lançar-nos no abismo das suas trevas,
(...)

Harold Pinter, in "Várias Vozes"
February 15, 2025 at 1:19 AM
Canto do Vale – Poemas Vegetais
7ª Flor

O SOM DO SILÊNCIO
Devagar, como se tivesse todo o tempo do dia,
descasco a laranja que o sol me pôs pela frente. É
o tempo do silêncio, digo, e ouço as palavras
que saem de dentro dele, (...)

N. Júdice, “Guia de Conceitos Básicos“
February 12, 2025 at 8:40 PM
Canto do Vale – Poemas Vegetais
5ª Flor

Existe um lugar de sombras e ervas
A que comummente apelidamos de “ínfima parte”
Ou de “muito ínfima parte”.

Mas desse já esquecido espaço
Que sabemos nós hoje?

Nada
Ou realmente muito pouco (...)

Yves Namur, “ Figuras do muito obscuro”2005
February 10, 2025 at 7:22 PM
Canto do Vale - Poemas vegetais
4ª flor.

Que planta posso ver, que pedra vejo,
Que lírio, ou que rosa, ou neve, ou fogo,
Onde te não figure o meu desejo?

Diogo Bernardes . (Écloga "Sílvia")
Diogo Bernardes (1520-1605)
February 8, 2025 at 8:50 PM
Canto do Vale - Poemas vegetais
3ª flor.

Consultamos o oráculo

Este jardim,
nas suas numerosas e variadas frutíferas,
está cheio de ideias,
de formas volúveis de sofrer. (…)

Maria Gabriela Llansol, “Da sede ao ser”, Ed. Rolim, 1988, capa e orientação gráfica Graça Martins
February 7, 2025 at 6:13 PM
Poema vegetal 2ª flor

O tempo trouxe o lugar como destino, e até os fungos da pedra eram-me familiares.
Altares do tempo que passa e deslaça as horas.

@ Ana do Vale
February 4, 2025 at 6:39 PM
Canto do Vale – Poemas Vegetais
1ª Flor

O profundo silêncio das flores
é um lugar de ausência. Vazia moldura
para o vôo das aves, linha oscilante
de ligeira névoa
que nada revela do que talvez esconda.

Egito Gonçalves, E no entanto Move-se, 1995
February 2, 2025 at 11:32 PM