brincando, batendo tambor
venceram a Morte fazendo-a dançar
brincando, batendo tambor
venceram a Morte fazendo-a dançar
apressado
inesperado
ele move o movimento
com ele o mercado se agita
sem ele nada se faz:
cuide de onde anda
para não desandar
— Exu briga e na briga te desabriga
apressado
inesperado
ele move o movimento
com ele o mercado se agita
sem ele nada se faz:
cuide de onde anda
para não desandar
— Exu briga e na briga te desabriga
olho a borboleta
que voa — seu voo
ligeiro e calmo —
depois da chuva que houve
depois que o vento uivou
— eu, de retorno
à janela
vendo a borboleta que voa
lembro de quem me pariu
que tinha muito de Oyá
olho a borboleta
que voa — seu voo
ligeiro e calmo —
depois da chuva que houve
depois que o vento uivou
— eu, de retorno
à janela
vendo a borboleta que voa
lembro de quem me pariu
que tinha muito de Oyá
(a partir do poema Diamba, de Raul Bopp)
Negro Velho
fuma diamba
para amansar a saudade
da terra que lhe foi amputada
o corpo
sentado no toco
— como que plantado —
aqui
mas o pensamento
os olhos molhados
viajaram:
estão em África
(a partir do poema Diamba, de Raul Bopp)
Negro Velho
fuma diamba
para amansar a saudade
da terra que lhe foi amputada
o corpo
sentado no toco
— como que plantado —
aqui
mas o pensamento
os olhos molhados
viajaram:
estão em África
os Poderosos
Mortos
ancestrais
o sangue antigo que me fez
a terra que me respondeu
os Poderosos
Mortos
ancestrais
o sangue antigo que me fez
a terra que me respondeu
a gira de Umbanda
o toque da Quimbanda
o xirê do Candomblé
a gira de Umbanda
o toque da Quimbanda
o xirê do Candomblé
o sangue
vivo
sobre
a pedra
viva
o sangue
vivo
sobre
a pedra
viva
este silêncio
tão leve
tão denso
tão leve quanto
pode ser leve
tão denso
silêncio
este silêncio
tão leve
tão denso
tão leve quanto
pode ser leve
tão denso
silêncio
desce o morro para trabalhar
leva no bolso
seus dados, suas cartas
o punhal de aço puro — ô Gangá
Zé brasileiro
das serestas, sambas e choros
em madrugadas de boemia
malandro dos milagres e da magia
(mirongas que ele faz)
desce o morro para trabalhar
leva no bolso
seus dados, suas cartas
o punhal de aço puro — ô Gangá
Zé brasileiro
das serestas, sambas e choros
em madrugadas de boemia
malandro dos milagres e da magia
(mirongas que ele faz)
PEC DA BLINDAGEM é isso:
PEC DA BLINDAGEM é isso:
deixei
em lugares
onde não permaneci
em dias que vivi encruzilhadas
encontros
e desencontros
que Exu carrega
deixei
em lugares
onde não permaneci
em dias que vivi encruzilhadas
encontros
e desencontros
que Exu carrega
na
cabeça
o destino
na
cabeça
o destino
faz erro virar acerto
e vice-versa — Exu
dos espelhos
faz erro virar acerto
e vice-versa — Exu
dos espelhos