F1: Preparador revela bastidores da adaptação de Bortoleto na estreia pela Sauber
A temporada 2025 marcou o retorno do Brasil ao grid de largada da Fórmula 1 com Gabriel Bortoleto, estreando na categoria pela Sauber, e abrindo um ciclo de aprendizado em um ambiente conhecido por cobrar rápido, dentro e fora do carro. Fora do paddock, o piloto voltou recentemente para São Paulo, mais precisamente Cotia, para disputar as 500 Milhas de Kart na Granja Viana com a Car Racing, equipe com a qual foi campeão em 2023. No evento de 12 horas, Bortoleto dividiu a pista com nomes como Felipe Drugovich, Felipe Massa, Enzo Bortoleto, Eduardo, Fernando e Rubens Barrichello, e teve ao lado alguém que acompanha seu desenvolvimento há anos: Sergio Silva, preparador físico do piloto desde 2019. Foi nesse contexto que o Motorsport.com Brasil conversou com Sergio para entender detalhes da preparação do brasileiro e os bastidores de sua rotina cercada pelos holofotes da F1. “Eu amo estar com o Gabriel. É um cara que me faz muito feliz”, disse Sergio. “O cara é competente para caramba”, completou, destacando que a relação entre os dois é antiga e construída no dia a dia. Mesmo com a agenda cheia, incluindo trabalho com outros pilotos no Brasil e no exterior, o preparador afirmou que o vínculo segue firme com contato constante à distância e janelas planejadas ao longo do calendário para estarem juntos. Segundo Sergio, a transição da Fórmula 2 para a Fórmula 1 exigiu um modelo de acompanhamento dividido. Há um profissional integrado à estrutura europeia da Sauber, responsável pelo trabalho diário, enquanto ele atua de forma complementar, ajustando cargas, monitorando respostas do corpo e servindo como referência de confiança para o piloto. Ainda assim, ele apontou que Bortoleto chama atenção pela autonomia, mesmo em seu primeiro ano na categoria. [caption id="attachment_526648" align="aligncenter" width="2000"] Foto: XPB Images[/caption] “Ele não precisa que você fique dizendo o que fazer. Ele sabe. Se está mal, liga. Se está bem, liga. Ele entende o que o corpo pede para cada corrida”, afirmou. Essa consciência, na visão do preparador, ficou clara também em um ponto sensível para pilotos em adaptação, o controle de peso e composição corporal. Durante a passagem pelo Brasil no GP de São Paulo, o piloto estava um pouco abaixo do ideal, algo que Sergio tratou como comum no processo de ajuste ao desgaste físico extremo da F1. A correção, porém, veio rápido. De acordo com o preparador, bastaram ajustes na dieta e nos exercícios, com diálogo e disciplina, para Bortoleto recuperar o controle e ainda ganhar massa em pouco tempo. Para ele, esse tipo de resposta mostra um entendimento acima da média do que a categoria exige, especialmente em um ano de estreia. Na pista, o cenário foi descrito como uma construção passo a passo. Bortoleto enfrentou as dificuldades esperadas de um novato em uma equipe em transição, com finais de semana mais complicados, necessidade de aprendizado em ritmo de corrida e o desafio de extrair desempenho em condições nem sempre favoráveis. Ainda assim, Sergio avaliou que houve evolução ao longo do campeonato, com classificações mais consistentes, maior leitura estratégica e capacidade de aproveitar oportunidades quando o cenário permitiu. O crescimento também apareceu em aspectos internos, como gestão de corrida, entendimento do comportamento dos pneus e comunicação com a equipe, pontos que pesam muito na adaptação à Fórmula 1. Em mais de uma ocasião, segundo o relato, o brasileiro conseguiu se manter competitivo em relação ao companheiro de equipe Nico Hülkenberg, mesmo lidando com a curva de aprendizado típica de carros mais pesados, mais complexos e com sistemas híbridos sofisticados. O olhar para 2026, no entanto, já está no horizonte. Sergio tratou 2025 como base para um projeto maior, especialmente dentro do contexto de transformação da equipe com a entrada definitiva da Audi. “[2026] Vai ser uma temporada maravilhosa. Mas é preciso entender o momento. É um ano de desenvolvimento, não dá para cobrar além disso”, afirmou. Mesmo com outros compromissos, o preparador disse que já planeja estar presente em algumas etapas europeias no próximo ano, como Itália e Espanha, para manter a proximidade com o piloto que ele faz questão de chamar de “meu”. A proposta, segundo ele, é seguir construindo sem atalhos, corrida a corrida.