Menina de 14 anos acertou assassina de Odete Roitman no concurso nacional de 'Vale tudo' em 1988; veja a aposta dela hoje
Das três milhões de cartas que a TV Globo e o caldo Maggi da Galinha Azul receberam com apostas sobre o grande mistério da novela "Vale tudo", em 1988, três eram da mineira Laura Boaventura Andrade, de 14 anos. Todas com o veredito: "quem matou Odete Roitman foi Leila", a personagem de Cássia Kis. Um delas foi a sorteada no sábado, dia 7 de janeiro de 1988, antes da reprise do último capítulo da novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, deixando a menina de Belo Horizonte, de apenas 14 anos, tão famosa quanto a vilã que perdera a vida. E com a conta bancária (dos pais) mais recheada: com 5 milhões de cruzados (que valeriam, hoje, cerca de R$ 110 mil, de acordo com o IPCA, índice de inflação do IBGE).
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— Estava passando férias na praia (em Ubatuba, no litoral de São Paulo) com meu pai. Estava esperando o sorteio no quarto do hotel, com fé de que ia ganhar. Mas, na hora, minha ficha não caiu, só quando apareceu a carta na TV e vi minha letrinha e meu endereço — conta Laura, espectadora da trama atual, escrita por Manuela Dias. — No dia seguinte, fomos embora para São Paulo e, quando chegamos na casa do meu pai, a TV Globo já estava na porta, esperando para gravar uma matéria que queriam no Fantástico. Mas não deu tempo, só a minha mãe apareceu.
Risonha, de franjinha, Laura apareceu numa matéria do GLOBO na edição de segunda-feira, dia 9 de janeiro de 1989, contando detalhes de sua aposta, que ela repete agora, mais de 35 anos depois.
— Eu morava com meus avós e assistia à novela com eles. Lembro que, no enterro da Odete, passava uns close da Leila e, por isso, suspeitamos dela.
Laura Boaventura de Andrade, em 1989, e hoje
Antonio B. Moura / Agência O Globo e acervo pessoal
Na época, apenas 6,3% das três milhões de cartas do concurso votaram em Leila. O mais cotado foi o mordomo Eugênio (Sérgio Mamberti), com 24%. Depois, apareceu o nome de Marco Aurélio (Reginaldo Faria) com 23%. Laura teve, então, mais chances de ganhar uma grana que, principalmente, deu ajudar a mãe. Mas sua perspicácia detetivesca não livrou a família de sofrer as consequências do confisco da poupança do Plano Collor, no ano seguinte.
—(Na época da novela) Minha mãe estava de mudança, com mensalidade da escola atrasada e passando por um aperto financeiro. Eu queria ganhar o concurso para ajudá-la. Fez muita diferença para a gente, usamos para pagar umas dívidas. Foi bem gasto. Mas depois veio o Collor e prendeu o dinheiro e levou uma parte.
Mais de três décadas depois, Laura segue de olho na novela que mudou tudo naquele 1989, mas agora ao lado da filha, Alice, de 9 anos. O sonho de ser pediatra ou dentista, que ela mencionava na matéria do GLOBO daquele janeiro, acabou não se concretizando. Até a pandemia, trabalhava como gestora em projetos de sustentabilidade. Hoje, a mineira faz bolos artesanais (o que já rendeu comparações com o talento de Raquel), disponíveis no Instagram @bolos_da_laurinha. O faro de investigadora segue aguçado, como o da menina de 14 anos.
— Eu estava apostando no Freitas (Luis LoBianco). Achava que ia ser alguém totalmente improvável, para surpreender. Mas ele não está nesta lista de suspeitos, que, aliás, está muito manjada.