Emerson U. Cervi
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Cientista político. Professor da Universidade Federal do Paraná. Grupo de pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública www.cpop.ufpr.br https://linktr.ee/ecervi

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De outra forma: lideranças tradicionais do bolsonarismo não devem se consolidar como candidatos fortes de oposição. Mas, isso não significa que o governo está livre de enfrentar uma candidatura oposicionista forte em 2026. Ao contrário, o opositor mais perigoso é o desconhecido.

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Se hoje ainda temos 2 em cada 3 eleitores que se dizem indecisos e vinte anos atrás esse percentual estava abaixo de 50%, significa que o eleitor está menos propenso a votar nos políticos que estão na memória saliente. Essa é a condição ideal para um outsider de última hora.

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Em julho de 2025 os indecisos estavam em 68% e agora continuam em 69%. Isso representa quase 50% a mais de indecisos hoje, do que na primeira vez em que Lula disputou uma reeleição. Considere, ainda, que a resposta espontânea tende a favorecer os nomes mais conhecidos.

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O percentual de indecisos, em disputa por reeleição, está muito alto para respostas espontâneas faltando um ano. Em julho de 2005, por exemplo, na primeira vez em que Lula disputou a reeleição, o percentual espontâneo para ele era de 22% e os indecisos, 45%, segundo Ibope.

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Tarcísio, do ponto de vista da opinião pública, mostra-se ainda pouco viável para uma candidatura nacional, ainda que a extrema-direita e a elite econômica paulista continuem insistindo no caminho contrário. Agora, isso indica situação tranquila para Lula? Não, ao contrário.

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Os indecisos caíram de 75% em maio, para 69% em outubro, uma diferença de 6 pontos percentuais em seis meses. Agora, vejamos: o crescimento de Lula foi superior à queda de indecisos, o que indica uma possível migração de eleitores bolsonaristas para Lula - da parte menos radical.

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Bolsonaro, que em maio tinha 9%, chega a a outubro com 6%, uma oscilação para baixo. Aqui, vale citar Bolsonaro por se tratar de resposta espontânea. E Tarcísio oscilou em torno de 1% durante todo o período, apesar da grande visibilidade pública que teve nos meses de medição.

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O gráfico mostra a série de maio a outubro de 2025 de respostas espontâneas para presidente em 2026. Estão na imagem os três nomes citados em todas as pesquisas. Em maio, 11% diziam pretender votar em Lula. Em outubro, isso subiu para 19%. Cresceu 8pp, além da margem de erro.

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A um ano da eleição, o que importa nas pesquisas de opinião é a intenção de voto espontânea, aquela que o respondente diz o nome, sem uma lista de opções. Isso indica os potenciais candidatos mais presentes na memória saliente do eleitor. E, o mais importante, é a tendência.

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8/8 Então, se você encontrar algum bolsonarista enfezado (cheio de fezes), releve. Seja compreensivo. Ele não teve um bom mês, viu.

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7/8 Em resumo, o mês de setembro de 2025 tomou do bolsonarismo o patriotismo, o líder condenado em ação penal, o discurso contra corrupção, o apoio internacional a medidas contra o País e o pré-candidato a presidente em 2026. Olha, esse mês foi dramático para aquele pessoal.

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6/8 Em 29 de setembro, após reunião com seu líder, Tarcísio de Freitas manteve decisão de não disputar presidência. O bolsonarismo perdeu o seu pré-candidato predileto como plano B para a presidência, faltando menos de oito meses para o início da campanha eleitoral de 2026.

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5/8 Em 23 de setembro, nos discursos de abertura da Assembleia Geral da ONU, o bolsonarismo viu o presidente dos EUA fazer elogios ao presidente do Brasil e, com isso, perdeu a chantagem pública, via sanções econômicas, contra o Brasil e autoridades nacionais.

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4/8 Em 16 de setembro o bolsonarismo perdeu o discurso de combate à corrupção com todos os deputados do movimento votando a favor da PEC da blindagem, que inviabilizava investigações contra deputados e presidentes de partidos. Não tem mais como dizer que é contra a corrupção.

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3/8 Em 11 de setembro o bolsonarismo perdeu o discurso de não defender bandido. O principal líder do movimento foi condenado a 27 anos de prisão pelo STF por corromper instituições durante o mandato e usar violência para interromper o mandato do presidente eleito em 2022.

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2/8 Em 7 de setembro o bolsonarismo perdeu o discurso do patriotismo ao aplaudir gigantesca bandeira dos EUA, em evento na Av. Paulista. Desde então, o discurso patriótico na base bolsonarista perdeu lastro social.

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1/8 Terminou o mês de setembro de 2025, o pior mês para o bolsonarismo político nos últimos 10 anos e eu posso mostrar o desastre cronologicamente:

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Bolsonarismo, como movimento político, é ruim. Como se diz lá no norte do Paraná, um palanque no banhado. E posso provar. Com menos de 10 anos de existência, está indo para sua terceira eleição presidencial dividido. Quem for o candidato, não levará todos os votos do movimento.

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Quando se considera a posição ideológica do respondente, as diferenças são ainda mais significativas. Mas isso é assunto para outro gráfico. O relatório completo da pesquisa pode ser acessado em ipespe.org.br.

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Já para o governo Lula e para o STF o saldo foi positivo, em setembro. Ficou em +2 pontos percentuais para os dois casos. As diferenças de aprovação e reprovação entre julho e setembro ficaram fora da margem média de erro, o que indica melhora real da avaliação nos dois casos.

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Em setembro, apenas a Câmara de Deputados apresentou piora no saldo, que passou a -52 pontos percentuais Nos outros três casos houve redução no saldo negativo ou passagem para saldo positivo. No Senado, o saldo negativo foi para -33 pontos, o que indica oscilação para baixo.

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Vejamos os números. Em julho, todos os saldos eram negativos, variando de -6 pontos percentuais para STF até -39 pontos percentuais para a Câmara de Deputados. O governo Lula tinha saldo negativa de aprovação em - 8 pontos e o Senado Federal ficou com - 36 pontos de saldo.

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A pesquisa de setembro foi a campo entre 19 e 22, depois a aprovação da PEC da blindagem pela Câmara, antes da CCJ do Senador ter considerado a PEC da blindagem inconstitucional por unanimidade e depois do julgamento do núcleo principal da tentativa de golpe de Estado no STF.

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As barras indicam a diferença entre aprovação e desaprovação em cada mês. Diferença negativa indica que o percentual dos que desaprovam é superior ao dos que aprovam. A pesquisa de julho foi feita durante o recesso parlamentar e antes do julgamento do núcleo golpista no STF

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O Instituto Ipespe, coordenado por @LavaredaAntonio, divulgou relatório de pesquisas sobre aprovação de instituições e do governo federal. As medições foram feitas em julho e setembro. Resumo em um gráfico as diferenças entre quem aprova e desaprova Câmara, Senado, STF e Governo.

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4/4 Depois de 1/4 de século separados, pela primeira vez classe média progressista, elite intelectual e movimentos políticos de esquerda voltam às ruas, juntos. A extrema-direita conseguiu fazer, em uma semana, o que a esquerda vinha tentando, sem sucesso, há mais de 20 anos.

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3/4 Agora, por conta de dois projetos da extrema-direita no parlamento, uma PEC da blindagem, que favorece a criminalidade comum, e um Projeto de lei pela anistia a golpistas, em favor de outro tipo de criminosos, aconteceu o inimaginável.

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2/4 Todos os governos do PT foram eleitos e mantidos pelas classes populares. Em 2022 houve uma aproximação temporária, meramente eleitoral, para garantir a derrota do bolsonarismo naquele ano. Logo em seguida, voltaram a seguir caminhos distintos.

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1/4 No início do século XXI, mais precisamente a partir de 2003, a elite intelectual e a classe média progressista dissociaram-se dos movimentos institucionalizados de esquerda. Desde então, n unca mais tinham voltado a cruzar seus caminhos de forma permanente.

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Em nenhum dos casos, deputados de um partido votaram mais contra a anistia e a favor da blindagem. Com isso é possível perceber claramente não só as posições gerais, como quais partidos são mais consistentes, com mais de 75% de votos em uma única direção. Trata-se da maioria.