Sem luz há mais de 24h, restaurantes fecham as portas, cancelam reservas e amargam prejuízo com coxinha fria e cerveja choca
Por conta da falta de energia que já dura mais de 24 horas em São Paulo, alguns bares e restaurantes em diferentes regiões da cidade já contabilizam os prejuízos. Em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, o restaurante especializado na cozinha do Oriente Médio Make Hommus. Not War está há 24 horas sem energia e precisou suspender os serviços no almoço e jantar de ontem, além do almoço de hoje. Reservas feitas com antecedência — como a de um grupo de 30 pessoas que iria celebrar o fim de ano no local — tiveram que ser canceladas.
A estimativa é que o prejuízo chegue a R$ 50 mil, tendo em vista os dias sem funcionamento e o grande volume de alimentos estocados que terão de ir para o lixo, pois ficaram sem refrigeração.
— O grande problema é que não temos uma previsão certa de quando a energia volta, para que possamos nos organizar, fazer a limpeza. No WhatsApp eles dizem assim: volta às 14h, quando chega nesse horário, muda para 19h e depois muda de novo — diz a sócia Talita Silveira. — Aí ficam todos no escuro, sem carga de celular, sem nada, esperando e a luz não volta.
De acordo com Talita e o chef Fred Caffarena, trata-se do terceiro ano consecutivo que o restaurante enfrenta problemas do tipo, sempre nas proximidades de dezembro, quando as chuvas costumam se intensificar na capital. Em 2024, os sócios chegaram a encomendar um gerador para tentar aplacar o prejuízo. A energia, porém, voltou poucos instantes depois, sem aviso anterior.
— Ficamos sem ter o que fazer, pois não sabemos se a energia volta, apesar de darem as previsões. Não conseguimos nos organizar sem essas informações corretas — lamenta Talita, que também chegou a ficar sem água no restaurante no dia de ontem.
Entre as perdas do restaurante estão 200 kg de carne, 150 kg de grão de bico, além de outras preparações de legumes, com cerca de 40 kg, que devem ser descartadas pela falta de refrigeração.
Coxinha fria e cerveja choca
Entre permanecer fechado e abrir parcialmente, o comerciante José Carlos Ribeiro, 66, dono de um bar na Rua do Hipódromo, na Mooca, na Zona Leste, preferiu a segunda opção. Sem luz desde o meio-dia de ontem, Ribeiro não serve mais bebidas geladas e a vitrine de salgados está sem aquecimento.
José Carlos Ribeiro, dono de um bar na Rua do Hipodromo, na Mooca, na Zona Leste, está sem luz desde o meio-dia de ontem
Sérgio Quintella
—A coxinha está fria, estamos servindo almoço, mas trabalhando no sacrifício, pois a cozinha é escura. As carnes do freezer ainda estão congeladas, mas se a luz não voltar hoje vou perder as mercadorias — diz o comerciante, que está tentando desde ontem alugar um gerador a diesel para utilizá-lo em uma geladeira.
Perto dali, na Rua dos Trilhos, o Bar do Nestor não está servindo almoço. Na noite anterior, o jantar também deixou de ser feito.
— As carnes e frangos do freezer vão estragar. Tem R$ 1.500 reais de mercadoria ali. A cerveja que deixou de ficar gelada eu já perdi, pois ficou choca e não vai dar mais para servir aos clientes — diz José Nestor da Silva— dono do estabelecimento há 22 anos.
Na frente de seu bar, no outro lado da Rua dos Trilhos, um outro comércio teve sorte diferente. Com energia, assim como outros estabelecimentos nas ruas Javari , Visconde de Laguna e rua da Mooca, a principal do bairro, os locais se converteram na única salvação para a turma do home office e também para os vizinhos que pedem para carregar o celular, garantindo o movimento.