Médicos de Bolsonaro preveem entre cinco e sete dias de internação após cirurgia
A equipe médica do ex-presidente Jair Bolsonaro estima que ele deverá permanecer internado por um período entre cinco e sete dias após a cirurgia para correção de uma hérnia inguinal bilateral e o bloqueio do nervo frênico, procedimentos previstos para serem realizados em Brasília no dia 25, feriado de Natal. A avaliação foi confirmada pelo cirurgião-geral Cláudio Birolini, responsável pelo acompanhamento clínico de Bolsonaro, que atualmente está em São Paulo e aguarda autorização formal para se deslocar à capital federal.
Segundo Birolini, a definição sobre a condução do pós-operatório será feita após a realização dos procedimentos médicos previstos, mas a equipe trabalha com um intervalo considerado necessário para garantir uma recuperação segura do ex-presidente.
— Vamos definir a forma de conduzir o pós-operatório depois da realização dos procedimentos propostos. Trabalhamos com a possibilidade de uma internação de cinco a sete dias, considerando o período necessário para analgesia, fisioterapia, profilaxia de eventos trombóticos, entre outros cuidados, com a segurança necessária e considerando as particularidades do caso — afirmou o médico ao GLOBO.
O cirurgião explicou que, assim que houver autorização para a internação, a equipe seguirá para Brasília. A expectativa é de que os procedimentos ocorram ainda nesta semana, a depender da tramitação do pedido no Supremo Tribunal Federal. Birolini deve vir à capital para conduzir pessoalmente a cirurgia, que será realizada no hospital DF Star.
A defesa de Bolsonaro solicitou ao STF que o ex-presidente seja internado no dia 24 de dezembro para a realização de exames preparatórios, com a cirurgia prevista para o dia seguinte. O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que determinou o envio da solicitação para manifestação da Procuradoria-Geral da República antes de decidir sobre o calendário.
Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, após condenação pelo STF por tentativa de golpe de Estado. Para Moraes, o ex-presidente mantém “plenas condições de tratamento de saúde” na unidade em que está custodiado, que fica em local considerado próximo ao hospital particular onde costuma realizar atendimentos médicos. O ministro destacou ainda que a eventual necessidade de deslocamento emergencial não seria prejudicada pela atual situação de custódia.
Apesar de reconhecer a indicação médica para a cirurgia, Moraes considerou que o procedimento tem caráter eletivo, e não emergencial, razão pela qual solicitou que a defesa sugerisse datas para a realização. Uma perícia realizada pela Polícia Federal apontou que a intervenção deve ocorrer “o mais breve possível”, mas sem caracterizar urgência imediata.
Os exames clínicos e ultrassonográficos indicaram a presença de uma hérnia inguinal bilateral com protrusão de alça intestinal. O quadro ajuda a explicar os episódios de soluços persistentes relatados por Bolsonaro nos últimos meses, inclusive durante o período em que esteve custodiado. De acordo com os peritos, o ex-presidente apresenta uma lesão em um nervo do tronco decorrente de procedimentos cirúrgicos anteriores, o que tem provocado as crises recorrentes.
Durante a internação, a equipe médica planeja realizar um bloqueio anestésico do nervo frênico, com o objetivo de atenuar os soluços. O método é utilizado em casos específicos para interromper estímulos neurológicos responsáveis pelas contrações involuntárias do diafragma.
Em abril deste ano, Bolsonaro passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas para tratar uma suboclusão intestinal, consequência das complicações acumuladas desde o atentado sofrido em 2018. Desde então, segundo Birolini, os médicos acompanham os efeitos de longo prazo do procedimento e monitoram outros pontos de atenção clínica.
No pedido encaminhado ao STF, os advogados do ex-presidente solicitaram ainda autorização para que Bolsonaro seja acompanhado durante a internação pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e por dois de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). A solicitação também será analisada pela Corte após a manifestação da Procuradoria-Geral da República.
A definição final sobre a data da internação e da cirurgia depende agora da decisão do Supremo, que deverá levar em conta tanto as avaliações médicas quanto as condições impostas pela execução da pena.