A vida de Allane de Souza, pedagoga, doutora em linguística, mãe dedicada e sambista em plena ascensão, foi interrompida de forma brutal nesta quinta-feira (28), dentro do colégio onde trabalhava. Ainda em choque, o seu melhor amigo há quase duas décadas, Fabiano Magdaleno, professor de geografia do Cefet, conta que Alanne construiu uma trajetória acadêmica e artística com esforço próprio — e que vivia, havia meses, com medo do colega que a assassinou. Magdanelo diz que a preocupação dela com o comportamento do orientador educacional não era recente. Ele perseguiu colegas mulheres, acumulou conflitos internos no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet) e já havia sido afastado por problemas psicológicos. — Ela tinha muito medo dele. Muito — lembra Fabiano. — Ela dizia que não iria mais trabalhar na mesma sala que ele. Quando colocaram ele de volta, ela pediu imediatamente para não ficar ali. Por isso passou meses em home office. Segundo ele, o servidor mantinha um padrão de hostilidade especialmente direcionado a mulheres em posição superior: — Quando o embate era com um homem, ele abaixava. Com mulheres, não. Mesmo convivendo com esse temor, Allane seguia movida por objetivos claros — e por uma determinação que impressionava quem a acompanhava. Servidora concursada, começou no setor de apoio ao estudante, tornou-se coordenadora e buscava se qualificar para dar o próximo passo: ser professora universitária. Tinha doutorado na área de linguística, incluindo uma temporada de estudos na Dinamarca, e estava concluindo uma segunda graduação, em Letras, para poder disputar concursos acadêmicos. — Ela tinha objetivos e não queria nada imediato. Ia trabalhando passo a passo para chegar onde queria — conta Fabiano: —O sonho dela era ser professora universitária. Mesmo depois do doutorado, cursava Letras porque queria fazer tudo do jeito certo. Ao mesmo tempo, Allane crescia no samba — outro campo onde construía espaço com persistência. Cantora, instrumentista e compositora, frequentava rodas tradicionais e já era reconhecida em casas do circuito carioca. — Ela estava crescendo muito na música — diz o amigo. —Estava cantando no Renascença, e onde chegava os grupos chamavam ela pra dar canja. Queria mostrar que mulher não é só para cantar: tocava pandeiro, aprendia cavaquinho, estudava violão. Estava sempre se aprimorando. A maternidade, porém, sempre foi prioridade. Mãe de uma menina de 13 anos, Allane adaptava compromissos para passar tempo com a filha e mantinha com ela uma relação de extrema proximidade, relata Fabiano: — Elas eram confidentes. Faziam tudo juntas. A filha era a grande prioridade da vida dela. Nascida no Morro do Pinto, Allane se orgulhava da trajetória construída sem privilégios, guiada pela própria força. Para o amigo, esse é o legado que ficará: — Ela fazia questão de dizer: ‘Eu sou bonita, mas sou muito mais que isso’. Ela queria ser reconhecida como intelectual e como artista. O que ela deixa é essa força, de vencer, de subir degrau por degrau, de se fazer respeitar, mesmo quando era mais difícil para ela. Ela venceu por conta própria. Esse é o legado dela. Crime aconteceu na sexta-feira Duas funcionárias foram mortas a tiros por um colega dentro da unidade do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) Celso Suckow da Fonseca, no Maracanã, na Zona Norte do Rio, na tarde desta sexta-feira. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 15h50. A professora Allane de Souza Pedrotti Matos, atingida na cabeça e no ombro, e a psicóloga escolar Layse Costa Pinheiro, ferida na cabeça e no tórax, chegaram a ser levadas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, mas não resistiram. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital. De acordo com relatos, o funcionário João Antônio Miranda Tello Ramos Gonçalves chegou à escola pela manhã e cumprimentou todos normalmente. À tarde, ele entrou na direção e efetuou os disparos, acertando as duas mulheres, que trabalhavam na Diretoria de Ensino. Em seguida, o autor dos disparos tirou a própria vida. Em nota divulgada no mesmo, a instituição disse que "a Direção-Geral do Cefet/RJ lamenta profundamente essa tragédia que chocou a comunidade acadêmica e decreta luto oficial por cinco dias na instituição a partir de 01/12/2025".

A desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1a Região, concedeu liminar em habeas corpus determinando a soltura do banqueiro Daniel Vorcaro e de todos os outros investigados na Operação deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF).

Sessão pode restaurar trechos que enfraquecem proteção ambiental, atingem povos tradicionais e ampliam desmatamento

Israel lançou neste domingo seu primeiro ataque aéreo contra Beirute desde junho, atingindo o sul da capital libanesa e tendo como alvo um dos mais altos comandantes do Hezbollah. O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que as Forças Armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) atacaram “no coração de Beirute”, mirando o chefe do Estado-Maior do Hezbollah, Haytham Ali Tabatabai, considerado pela inteligência israelense o segundo homem mais importante da organização e responsável por supervisionar os esforços de armamento e fortalecimento militar do grupo. 'Eles estão brincando com fogo': Israel ameaça intensificar ataques contra Hezbollah no Líbano, apesar de trégua Veja: Israel volta a bombardear o sul do Líbano e eleva pressão sobre o Hezbollah e o governo em Beirute A ofensiva, segundo o gabinete do premier, foi autorizada por Netanyahu após recomendação do ministro da Defesa e do chefe do Estado-Maior das IDF. Uma fonte israelense disse à rede americana CNN que o ataque teve como objetivo eliminar Tabatabai, mas que ainda não está claro se ele foi morto. Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, os ataques atingiram um prédio de nove andares em uma área densamente povoada FADEL ITANI / AFP Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, o bombardeio deixou uma pessoa morta e 21 feridas. Além disso, a pasta informou que os ataques atingiram um prédio de nove andares em uma área densamente povoada. Initial plugin text A agência oficial de notícias do Líbano informou que “aviões inimigos lançaram um ataque contra os subúrbios do sul de Beirute, resultando em vítimas e danos significativos”. Imagens divulgadas nas redes sociais e verificadas pela agência Associated Press (AP) mostram fumaça densa e dezenas de pessoas reunidas em torno de um prédio atingido no bairro de Haret Hreik, reduto do grupo. Ataque aéreo israelense atingiu Beirute pela primeira vez desde junho IBRAHIM AMRO / AFP Até o momento, o Hezbollah não se pronunciou publicamente sobre o ataque. Às vésperas da visita do Papa Ainda de acordo com a AP, o bombardeio ocorre poucos dias antes da visita programada do Papa Leão XIV ao Líbano e em meio à intensificação dos ataques israelenses no sul do país nas últimas semanas. Sob pressão dos EUA: Presidente do Líbano pede que o Hezbollah entregue as armas ao Exército Israel e os Estados Unidos têm pressionado Beirute a implementar um plano — aprovado pelo governo libanês — para desarmar o Hezbollah. O governo de Netanyahu sustenta que o Hezbollah vem tentando reconstruir sua estrutura militar no sul do Líbano, algo que Beirute nega. (Com AFP)

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem até16h30 deste domingo para apresentar explicações ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a violação da tornozeleira eletrônica dele, realizada na madrugada do sábado. O dano ao equipamento foi uma das justificativas para a decretação da prisão preventiva de Bolsonaro.  No sábado, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, deu prazo de 24h para a manifestação dos advogados. A decisão foi tomada após a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) do Distrito Federal apresentar um relatório técnico e um vídeo que mostram o equipamento danificado e a admissão do próprio Bolsonaro de que tentou abrir o dispositivo com um ferro de solda. O documento registra que o próprio Bolsonaro "informou que fez uso de ferro de solda para tentar abrir o equipamento". Já a gravação mostra a tornozeleira queimada e registra, ao fundo, o diálogo entre Bolsonaro e a diretora adjunta do Cime, Rita Gaio.  — O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui? — Meti ferro quente aí. Curiosidade. — Que ferro foi? Ferro de passar? — Não, ferro de solda. Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado, por determinação de Moraes. O ex-presidente foi levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília.  A decisão de Moraes foi tomada atendendo a pedido da PF, que alegou necessidade de garantia da ordem pública. A corporação afirmou que uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, no condomínio onde Bolsonaro estava cumprindo prisão domiciliar poderia levar a um "tumulto" e um "ambiente propício para sua fuga".  "O conteúdo da convocação para a referida 'vigília' indica a possível tentativa da utilização de apoiadores do réu Jair Messias Bolsonaro, em aglomeração a ser realizada no local de cumprimento de sua prisão domiciliar, com a finalidade de obstruir a fiscalização das medidas cautelares e da prisão domiciliar", afirmou Moraes.  O ministro do STF também destacou na decisão a violação da tornozeleira eletrônica.  "A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho", escreveu.  Bolsonaro ficará na Superintendência da PF pelo menos até domingo, quando passará por audiência de custódia, que serve para avaliar a legalidade da prisão preventiva. Na segunda-feira, a decisão de Moraes será analisada pelos demais ministros da Primeira Turma do STF, em sessão virtual extraordinária.

Ex-presidente foi preso preventivamente neste sábado

Melhorias no local foram feitas após a possibilidade, já considerada há meses, de que Bolsonaro pudesse ser preso preventivamente; veja o vídeo