Prefeitura cortasubsídios e a partir de amanhã reduz oferta de ônibus fora dos horários do pico
A prefeitura do Rio decidiu rever a política de subsídios aos ônibus da cidade. E isso vai se refletir na oferta de ônibus nas ruas, principalmente fora dos horários de pico. A partir desta quarta-feira, haverá uma redução de 20,1% no número de viagens efetivadas nos dias úteis (de 25.952 para 20.730) e consequentemente de 18,5 % da quilometragem mensal rodada (de 1,1 milhão para 906.680) segundo levantamento feito pela ONG Fórum de Mobilidade Urbana. A medida afetará mais de 90% das 352 linhas e 26 serviços oferecidos na cidade.
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Os horários de menor procura das linhas variam caso a caso. Durante o dia, a medida deve afetar a oferta de coletivos, p rincipalmente entre 9 e 15 horas. No período noturno, a procura costuma ser menor a partir das 20 horas. Mas quanto mais longe as linhas forem do Centro, o pico de procura vespertino é maior.
Na madrugada, a regra é manter pelo menos um ônibus em operação em cada sentido por linha.
Hoje o subsídio se dá sob duas formas. Uma delas é em cima da tarifa paga pelo passageiro, que não será alterada, mantendo as passagens a R$ 4,70 A outra forma de remuneração leva em conta a quantidade de quilômetros percorridos por cada linha. Essa alteração levará a um corte nos subsidios estimados em R$ 200 millhões neste segundo semestre, segundo estimativa da Secretaria municipal de Transportes.
A secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, admite que os cortes podem levar o usuário a esperar mais um pouco pela condução. Ela argumentou, no entanto, que boa parte da frota, principalmente fora do rush, circulava praticamente vazio, ‘’batendo lata’’. Ela argumentou que a revisão tomou como base informações geradas pelo sistema de bilhetagem eletrônica do Jaé, que a partir de agosto será o único cartão aceito nas linhas municipais.
Apesar do JaÉ ainda estar em fase de implantação, o sistema também tem acesso aos dados do Riocard, gerando relatórios do total de passageiros transportados nas linhas por hora:
— Com o Jaé a gente passou a ter um raio-x da demanda de cada linha. Constatamos que havia gorduras em alguns serviços. Um exemplo são as linhas que passam pela Avenida Brasil. Houve queda do número de passageiros com a entrada em funcionamento do BRT Transbrasil. É um dos exemplos de que o sistema era uma caixa preta — disse a secretária.
O porta-voz do Sindicato das Empresas de ônibus do Rio (Rio ônibus), Paulo Valente, por sua vez, disse que nos últimos anos, os consórcios que operam as linhas receberam a orientação de aumentar a oferta de veículos, inclusive fora dos horários de pico, apesar da quantidade de passageiros ter se mantido estável no período:
— Recebemos uma orientação da Secretaria municipal de Transporte de fazer ajustes e ela será cumprida — disse Valente.
A medida pegou os usuários de surpresa. Moradora de São Cristóvão e passageira da linha 371 (Praça Seca-Praça Tiradentes), que terá o número de viagens diárias reduzidas de 284 para 216 (23,9%), a garçonete Graziele Ramos, costuma retornar no Centro por volta das 14h. Ela está muito preocupada com as alterações:
— À tarde, já espero 40 minutos pelo ônibus. E, de repente, chegam cinco da mesma linha de uma vez. Não faz sentido ter tanto ônibus chegando ao mesmo tempo. Os horários deveriam ser melhor distribuídos em lugar de simplesmente cortar serviços — disse.
O subsecretário de Transportes e Operação, Guilherme Braga Alves, disse que, ao longo dos próximos dias, a operação ainda poderá sofrer ajustes conforme a demanda:
— Estamos assegurando que a oferta atende à demanda. A gente pode ajustar o plano operacional.