Hamas diz que EUA deram garantias de que guerra em Gaza 'acabou permanentemente'
Khalil al-Hayya, chefe da equipe de negociação do Hamas disse nesta quinta-feira que o grupo recebeu garantias dos Estados Unidos, de mediadores árabes e da Turquia de que o acordo sobre a primeira fase de um cessar-fogo, alcançado na quarta-feira, significa que a guerra em Gaza "encerrou definitivamente".
O anúncio foi feito após Israel afirmar, também nesta quinta-feira, que todas as partes assinaram a versão final da primeira fase do acordo para um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns israelenses, com o objetivo de pôr fim a dois anos de guerra.
Esse acordo entre Israel e o Hamas foi elaborado a partir de um plano de 20 pontos proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e prevê a libertação dos reféns israelenses que continuam vivos em troca da libertação de cerca de 2 mil palestinos.
A porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, informou que todas as partes assinaram, no Egito, a versão final desse acordo para a primeira fase do plano, após negociações indiretas na cidade turística de Sharm el-Sheikh, com a mediação dos Estados Unidos, Catar e Turquia.
A proposta devia receber a aprovação do gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, às 15h00 GMT (12h00 de Brasília), após uma reunião uma hora antes com seu gabinete de segurança.
Em Khan Yunis, no sul da devastada Faixa de Gaza, palestinos aplaudiram e gritaram de alegria quando o acordo foi anunciado, segundo imagens da AFP.
"Apesar de todos os mortos e da perda de entes queridos, hoje estamos felizes após o cessar-fogo. Apesar da tristeza e de tudo, estamos felizes", afirmou Aiman al Najar.
Na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, as pessoas também se abraçavam e se felicitavam com a esperança do retorno dos cerca de 20 sequestrados que ainda estão vivos.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu celebrou "um grande dia para Israel" e declarou que Trump deveria receber o Prêmio Nobel da Paz.
Ainda persiste a incerteza sobre outros pontos levantados por Trump, como o desarmamento do Hamas e o fato de Gaza ser governada por uma autoridade de transição liderada por ele próprio.
O dirigente republicano detalhou que haverá um "desarmamento" na próxima fase do acordo e que a prioridade, por enquanto, é o retorno dos reféns.
O Hamas, por sua vez, rejeitou a ideia de uma autoridade de transição chefiada pelo próprio Trump. "Nenhum palestino poderá aceitar isso. Todas as facções, inclusive a Autoridade Palestina [que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada], rejeitam", afirmou Osama Hamdan, dirigente do grupo islamista.
Visita de Trump
Trump anunciou que tentará viajar ao Egito para a assinatura do acordo de cessar-fogo, após ser convidado por seu homólogo Abdel Fatah al-Sisi.
Israel informou que o cessar-fogo começará nas 24 horas seguintes à aprovação do gabinete de segurança do governo israelense, uma frágil coalizão liderada pelo Likud, de Netanyahu, mas que depende de outras formações de extrema direita.
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, aliado-chave do partido Sionismo Religioso, já adiantou que não apoiará o acordo.
O pacto busca encerrar dois anos de guerra em Gaza, um conflito que começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 em território israelense, que deixou 1.219 mortos, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já deixou pelo menos 67.183 mortos em Gaza, de acordo com os números do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
A porta-voz do governo israelense declarou que o proeminente prisioneiro palestino Marwan Barghuti, membro do Fatah, a facção palestina rival do Hamas, não fará parte da troca.