'Casa dos horrores': polícia encontrou 240 restos mortais de vítimas do 'assassino do Twitter', executado por enforcamento no Japão; entenda
Takahiro Shiraishi, condenado por matar nove pessoas que conheceu na rede social, foi enforcado nesta sexta-feira; crimes chocaram o país e reacenderam debate sobre a pena de morte O Japão executou, nesta sexta-feira, o criminoso Takahiro Shiraishi, conhecido como "assassino do Twitter", na primeira aplicação da pena capital no país desde 2022. O homem de 34 anos foi condenado à morte em 2020 por assassinar e esquartejar nove pessoas, a maioria mulheres jovens, com quem havia feito contato pelo Twitter, a rede social atualmente chamada de X.
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Shiraishi admitiu os assassinatos. Segundo ele, abordava na plataforma pessoas com tendências suicidas e lhes oferecia ajuda para morrer. As vítimas tinham entre 15 e 26 anos. Todas foram atraídas até sua residência, nos arredores de Tóquio, onde foram estranguladas, esquartejadas e tiveram partes dos corpos escondidas em pequenas geladeiras e caixas de ferramentas.
— Nove vítimas foram agredidas e estranguladas, assassinadas, roubadas e depois mutiladas, com partes de seus corpos guardadas em caixas e outras jogadas em um aterro sanitário — declarou o ministro da Justiça, Keisuke Suzuki.
Ele acrescentou que Shiraishi agiu “pelo motivo egoísta de satisfazer seus próprios desejos sexuais e financeiros”, em crimes que, segundo o governo, “chocaram e geraram muita ansiedade na sociedade”.
O caso
Os crimes vieram à tona em 2017, após a polícia investigar o desaparecimento de uma mulher de 23 anos que havia publicado na rede social que queria cometer suicídio. O irmão da vítima acessou seu perfil e ajudou a polícia a chegar até a casa de Shiraishi. No local, os agentes encontraram uma verdadeira casa dos horrores: 240 restos mortais humanos escondidos em caixas, cobertos com areia de gato para disfarçar o odor de decomposição.
Tesouras, facas, uma serra e outras ferramentas de carpintaria também foram apreendidas na residência.
Durante o processo, os advogados de Shiraishi alegaram que ele deveria receber uma pena de prisão, argumentando que as vítimas haviam expressado desejo de morrer. No entanto, o tribunal rejeitou essa defesa. O juiz classificou os crimes como “astutos e cruéis” e afirmou que o acusado “pisoteou na dignidade das vítimas” e se aproveitou de pessoas “mentalmente frágeis”.
— Após reflexão cuidadosa, ordenei a execução — afirmou o ministro da Justiça.
As execuções no Japão ocorrem por enforcamento. Atualmente, mais de cem pessoas aguardam no corredor da morte. Embora a legislação estabeleça que a execução seja realizada no prazo máximo de seis meses após a sentença definitiva, muitos condenados permanecem anos, ou até décadas, à espera. Os prisioneiros costumam ser avisados apenas algumas horas antes do cumprimento da pena.
Japão e Estados Unidos são os únicos países do G7 que ainda mantêm a pena de morte. Pesquisas apontam que a medida conta com amplo apoio popular: um levantamento do governo realizado em 2024, com 1,8 mil cidadãos, indicou que 83% consideram a pena capital “inevitável”.
Segundo dados do Ministério da Justiça, o país registrou uma execução em 2022, três em 2021, três em 2019 e 15 em 2018. Apesar do apoio da maioria da população, o sistema é alvo de críticas pela falta de transparência e pelo sigilo em torno dos procedimentos.